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A Paraíba que celebra ZÉ, de baixo de riba... e DO NORTE!

“Arrenego de quem diz, que o nosso amor se acabou, ele agora está mais vivo do que quando começou...”
Certamente, você já ouviu estes versos marcantes de um dos grandes clássicos de Caetano Veloso.
Esse e “os óio da cobra verde hoje foi que arreparei...” são poesias regionalistas excepcionais, aparentemente e apenas, aparentemente, destoantes da música majoritariamente em inglês: “It´s a Long Way”.
A canção do aclamado Transa, disco concebido e gravado por Caetano no exílio, é um mosaico perfeito da world music/art do baiano.
Mas mais que a mistura, quase fusão do inglês/português, hibridismo de elementos culturais, há um simbolismo histórico entre os versos embaralhados.
Os trechos em português, mencionados acima, são de um paraibano desconhecido do grande e médio público local: Zé do Norte.
Inclusive, este que vos fala, desconhecia a autoria destes versos que tanto venera, até ser alertado por outro paraibano especial, Adeíldo Vieira.
Zé do Norte!
Gravem este nome para jamais esquecer.
Ele é o homenageado do VI Festival de Música da Paraíba.
Um cajazeirense genial, eternizado nos autos da música brasileira, sendo resgatado em obra no maior palco da música autoral paraibana.
Escolher um homenageado em um solo tão fértil e plural como a música paraibana é um desafio anual da Funesc, EPC, Secom e todos que fazem o evento.
E poucas vezes se atingiu a missão tão cirurgicamente quanto nesta feita.
Não se está a pôr na balança mérito artístico dos celebrados nos Festivais de Música, pois todos estão acima desta média rasa.
Fato é que a escolha de Zé do Norte é a exponenciação da busca por atender a critérios como: visibilização, reparação de um ofuscamento histórico, e trazer a superfície a relevância e legado de grandes nomes paraibanos.
Por exemplo, todo mundo já ouviu o refrão de um dos mais tradicionais cancioneiros nordestinos:
“olé mulé rendêra, olé mulé rendá... tu me ensina a fazer renda, que eu te ensino a namorá...”
Mas você sabia que a autoria é de Zé do Norte?
Provavelmente, associa a canção apenas a Luiz Gonzaga, Trio Nordestino etc.
É a isso também que se presta um Festival inteiro voltado à celebração da música paraibana.
Além, é claro, do principal, revelar novos talentos, ofertar palco e dar vazão em larga escala aos trabalhos mais diversos, remotos, plurais, de todos os recantos desta boa e rica Paraíba.
E, aos que querem “fazer parte da festa”, a hora é agora.
Inscrições abertas para músicos paraibanos, ou radicados no estado até o dia 06 de março com mais de 30 mil reais em prêmios.
Os interessados podem se inscrever e pegar todas as informações sobre a maior festa da música paraibana através do endereço eletrônico: www.radiotabajara.pb.gov.br/festivaldemusica.
As eliminatórias do VI Festival de Música da Paraíba acontecem nos dias 26 e 27 de maio, na cidade de Cajazeiras, terra natal do mestre Zé do Norte, já a finalíssima está marcada para o dia 03 de junho, no Teatro de Arena do Espaço Cultural, em João Pessoa.
Obs: Já havia escrito sobre o disco Transa e, especialmente, o marco do ano de 1972 para 3 grandes artistas baianos, incluindo Gilberto Gil, que lançou o Expresso 2222, aquele trabalho que à época, nada coincidentemente, resgatava, trazia a tona a obra de outro gigante paraibano. “Jackson do Pandeiro”.
Você pode conferir este outro rabisco aqui:
https://www.marcosthomaz.com/post/aumenta-que-isso-a%C3%AD-%C3%A9-forr%C3%B3-xote-xaxado-bai%C3%A3o