marcosthomazm
BOLSONARO QUASE QUEBRA A BANCA, MAS PT TAMBÉM AVANÇA-um resumo das vitórias e derrotas nesta eleição
Atualizado: 5 de out. de 2022
Começo agora uma série de observações “sem freio de arrumação” sobre este “trem desgovernado” que é a disputa eleitoral 2022.
Coloque o cinto de segurança e se jogue na montanha russa...

Difícil até ter por onde começar com tantas variáveis, fenômenos específicos envolvidos neste pleito, mas sigamos.
Como bem citou o professor Wécio Araújo, na cobertura da Tabajara no domingo de eleição, é sempre muito perigoso esta coisa de “Todo ponto de vista é a vista a partir de um ponto”.
De fato este conceito dá brecha a muita autoverdade, criação de teorias estapafúrdias e toda aberração pós moderna, aqui entre os trópicos.
Peço desculpas à teoria racional, mas, neste pântano nacional, toda sensatez é fora de propósito.
Nada mais adequado ao cenário eleitoral de agora que as múltiplas possibilidades de perspectiva, os tais prismas diversos sobre o panorama desenhado, vencedores e perdedores etc e coisa e tal.
Se Bolsonaro, clamorosamente, fez a maior bancada no Congresso, o PT também teve resultado, significativamente, melhor que 2018.
O bolsonarismo levou o PL a maior bancada na Câmara Federal com impressionantes quase 100 eleitos.
O PT também saiu de 56 para 68 eleitos e celebra aumento geral como Federação (junto a PC do B e PV serão quase 80 cadeiras). Assim, segue como segunda maior quantidade de assentos no Parlamento.
Bolsonaro meteu o pé na porta do Senado e entrou com uma turma de peso, nada menos que 19 dos 27 eleitos são do lado do atual presidente.
Só entre ex-ministros foram 5 eleitos: Damares Alves, na goiabeira do DF, o Astronauta em SP, Teresa Cristina no Mato Grosso do Sul, Rogério Marinho no Rio Grande do Norte, os Mouros (o ex-futuro BFF Moro no Paraná e Mourão no RS, que não foi Ministro, mas era vice do tal).
Ainda teve Romário no RJ, Magno Malta no Espírito Santo, além de mais de uma dezena de aliados de outras legendas.
Mesmo discretamente, O PT, espremido na Casa, também pode celebrar resultado superior a 2018. Quatro Senadores eleitos, mesmo número da última eleição, mas acima em proporção se levarmos em conta que no pleito anterior havia o dobre de vagas em disputa.
Bolsonaro tem maior quantidade de governadores eleitos no primeiro turno. Nove contra seis que apoiaram, ou se inclinaram a Lula.
Mas o PT fez mais governadores que o PL, diretamente.
Três do partido de Lula contra apenas um de Bolsonaro.
Todos eleitos pelo PT no Nordeste (Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí), onde o partido pode fazer mais dois (Bahia e Alagoas) do total de seis a que postula nesta eleição (apenas São Paulo fora da região mais petista do Brasil).
Aqui, no Nordeste, também foi eleita a única mulher para governar um estado: Fátima Bezerra, paraibana de nascença, foi reeleita para comandar o Rio Grande do Norte.
Diferente da eleição de 2018, quando de fato foi a única mulher eleita governadora em primeiro e segundo turno, vai ter companhia de outra mulher da região. Pernambuco terá disputa derradeira entre duas mulheres: Raquel Lira do União Brasil e Marília Arraes do Cidadania, em disputa regional que também exponenciará bolsonarismo X lulismo.
Bolsonaro celebra êxito em quatro dos cinco maiores colégios eleitorais brasileiros.
Venceu com folga para os governos estaduais em Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Paraná, além de ter atropelado na reta final em São Paulo, onde outro ex-ministro do seu governo largou na frente, do até então favorito Fernando Haddad, do PT.
Constatação inequívoca que é uma mina de ouro ter sido ministro bolsonarista (e nem estou falando do ex-comandante do MEC, seus pastores e afins).
Por outro lado, o PT celebra a repetição da história recente com mais uma virada estonteante na Bahia, quarto maior colégio eleitoral brasileiro e onde se indica a manutenção de uma hegemonia petista por 20 anos, a maior do país.
ACM Neto estava virtualmente eleito até a abertura das urnas, que indicaram Jerônimo na liderança, a poucos passos de vencer no primeiro turno.
Além de Lula ter vencido na disputa direta a presidência da República em Minas Gerais, termômetro do Brasil. Quem vence nas Gerais, vence nacionalmente.
Pois bem, é inegável a supremacia do Bolsonarismo nas eleições proporcionais e majoritárias.
Mas, lembremos que, por mais que sejam relevantes, são conflitos periféricos a batalha principal de ambos: O Palácio do Planalto, onde Lula largou com seis milhões de votos, (duas "Paraíbas eleitorais") de vantagem.
Mas, como disse meu amigo Fabinho, é aquela máxima do “copo meio cheio, meio vazio”.
Há avanços e vitórias a celebrar em ambos lados.
O sabor, ou amargo do fel, que vale, de fato é no próximo dia 30 de outubro, quando a arena terá apenas os dois, Tête-à-Tête, na disputa que realmente importa: a presidência da República.