marcosthomazm
Crianças haitianas não vão a Disney!

AMÉRICA!
Um continente, dezenas de países, três subdivisões, várias etnias.
Civilizações milenares.
América do Sul, América Central e América do Norte.
América Latina e América anglo-saxônica.
Mas só um, apenas um país ostenta o continente em seu nome: Estados Unidos da América.
Nenhum outro povo resume o habitante desse enorme naco de terra no hemisfério ocidental do globo.
Aos nascidos nos EUA cabe o codinome de AMERICANOS.
Mas, a potência que, para o mal, ou para o bem, se apropria, expropria, loteia e redivide o mundo, não faria diferente em seu próprio quintal, né?
A nós meros mortais daqui de baixo, resta batismos como brasileiros, argentinos, guatemaltecos, mexicanos e por aí vai...
No máximo nos permitem agregar a alcunha sul-americano, latino-americano etc e coisa e tal.
Mas americano, americano mesmo, são os filhotes do Tio Sam.
E o Haiti? Não é aqui, mas é logo ali, Caetano e Gil!
Primeiro país americano (sic) a abolir a escravidão e mais pobre, miserável nação do continente.
Um povo castigado por tragédias climáticas, desastres geográficos, conflitos e fome, muita fome.
Mais de década sob intervenção da ONU e, após a saída, nada melhor, talvez esteja ainda pior que nunca!
Sim, além da polêmica ocupação de soldados, o Brasil levou Ronaldinho Gaúcho a Porto Príncipe.
Este sim fez tremer o chão da capital do Haiti, sem precisar de alguma fatídica falha geológica.
Um frenesi, furor absoluto.
O futebol é uma paixão na Ilha e a seleção brasileira a preferência nacional.
Mas, o sonho da bola não se alinha ao american dream!
Mais de dez jogadores do Violette, time haitiano tiveram vistos negados pelos EUA para participarem de uma partida profissional da Liga dos Campeões da Concacaf.
Nem vou entrar no absurdo da organizadora do torneio permitir, não intervir em um absurdo desta proporção...
Fato é que, aos frangalhos, com apenas 14 jogadores disponíveis, incluindo amadores recrutados em solo americano, eles eliminaram o poderoso Austin.
O governo do USA justificou a negativa dos vistos ao medo de pedidos de asilo no “país das oportunidades”.
O mesmo país que estimulava, ou no mínimo se locupletava da deserção de super-atletas cubanos durante a Guerra Fria.
Mas, haitianos sem valor no futebol?
O mesmo Estados Unidos da AMÉRICA que participou, interferiu, ingeriu, fomentou, atuou em todo o processo histórico haitiano, desde a revolução dos escravos.
O mesmo poder yankee que ocupou o país sob alegação de combate a miséria total que aflige aquele povo há séculos.
O tal flagelo não resolvido, que perdura até hoje, mesmo após intervenção americana, aqueles salvadores do universo!
Adaptando o lado B Titânico: “Crianças haitianas fugidas da guerra não obtêm o visto no Consulado Americano para entrarem na Disneylândia!”