marcosthomazm
“Do que é que vocês estão rindo?? O que é que vocês estão olhando?”
Atualizado: 18 de out. de 2021

“Fogo no parquinho” é o tom da eleição de 2022!
Aparentemente o pleito vai ser mais definido pela capacidade de cada bloco contornar as cizânias, diferenças, disputas internas, ódio, fogo amigo, do que o desafio de disputar propostas, espaço de narrativa com o campo oposto.
O instinto fratricida tem ditado o ritmo da pré-campanha em todos os ajuntamentos políticos, seja de que lado for.
A esquerda se fragmentando. De um lado Ciro, com artilharia pesada, seus mísseis direcionados cada vez mais ao PT como estratégia definida. Para alguns, uma aposta suicida, para outros, talvez, a única tática ao alcance dele. Em resposta, a militância petista, que nunca poupou Ciro, mesmo em época de armistício, recrudesce os ataques. A troca de farpas culminou em “bate boca” virtual, com plateia, entre a ex-presidente Dilma Roussef e Ciro Gomes, com direito a tomada de dores de Lula, sempre mencionado nas acusações de Ciro.
Ao PT cabe ainda outro desafio, com menos rusgas, mas de difícil contorno. O PSOL condiciona retirada de candidatura presidencial a apoio petista a candidatura de Boulos ao governo paulista. O PT já acenou não estar nem um pouco disposto a abrir mão da candidatura de Fernando Haddad, naquela tratada pelo partido como a maior chance de assumir o Palácio dos Bandeirantes.
No ninho tucano uma arena sangrenta entre os presidenciáveis João Dória e Eduardo Leite marca as prévias. Se nos bastidores a disputa por votos de correligionários do PSDB já está deflagrada, imagina na “hora do vamo ver”? Após tentativa de fuga de Dória, o debate foi confirmado e até acusação de fraude no sistema de votação digital do partido foi alegada pelo líder paulista. Qualquer semelhança com um cenário de eleição presidencial de 2018 não é mera coincidência. Eduardo Leite até subiu o tom na provocação e indagou se Dória iria querer resgatar o Bolsodória, em uma clara e incoerente provocação ao slogan largamente utilizado na eleição passada. Leite também apoiou fervorosamente Bolsonaro no segundo turno de 2018.
Nem o Bolsonarismo e seu séquito fiel escapam as distensões de grupos internos. Após uma série de dissidências no núcleo após a eleição, com a saída ruidosa de figuras chaves como Sérgio Moro, Henrique Mandeta e rachas escancarados de parlamentares como Joice Hasselman, Alexandre Frota, ou o paraibano Julian Lemos, o desafio agora é conter as ambições entre dois blocos de sustentação fundamentais ao projeto: a ala evangélica e o Centrão. O primeiro acusa o segundo de sabotar a indicação do ministro “terrivelmente evangélico” para o STF, com direito a acusações diretas de Silas Malafaia contra o Ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Eu poderia até dizer que, nesta disputa entre os liderados por Malafaia e os sangue sugas do centrão eu torço pela briga, mas aí iriam me chamar de “espírito de porco”...
Fato é que antes dos embates “à vera”, das balas trocadas naquela que se desenha a mais “carniceira” de todas as eleições, todos os agrupamentos, partidos precisam estancar sangrias, que ameaçam causar sérias e irreversíveis hemorragias internas aos projetos de poder.