marcosthomazm
Nada de novo na Band...
Tem textão para divagar sobre aquele “freak show”que foi o debate da Band ontem. De cara podia falar sobre o formato despadronizado de apresentação com trocas constantes e estranhas de condutor, ou das precariedades técnicas, mas prefiro outras facetas.

Adianto logo que aqui não se propõe a ser um local de espaço igualitário a todos os candidatos. Nem o debate da Band o foi, não é verdade? Apenas os tais candidatos de legendas com representatividade eleitoral foram convidado para a “festa”. Então, me permito estabelecer minha análise/leitura de acordo com os pontos, representantes que acho mais interessante. Confessando, explicitamente, absoluto desprezo pela dosimetria.
Ciro Gomes- Para começar, antes de mais nada, precedendo o BIG BANG, devo dizer que a figura mais decepcionante do debate foi Ciro Gomes, justamente, aquele sobre o qual se depositam as maiores expectativas “no que tange” (toma um bolsonarês aí) a demonstração de projeto sólido (está lá naquele livro dele com título de programa do Regime Militar).
O homem conclamou, mobilizou, convocou, desafiou, intimou, quase fez condução coercitiva para Lula e Bolsonaro participarem do debate. Com argumentos lógicos, vale frisar. Debate é arena ideal para confronto de idéias e projetos entre presidenciáveis e esvaziar este espaço não contribui com a democracia. Ok, mas o anseio/expectativa de Ciro pela oportunidade nem era tão republicano assim, convenhamos.
O paulista/cearense queria ter um momento com atenção mais global, audiência de eleitores bolsonaristas e lulistas para escancarar fragilidades, incongruências, desvios morais até, quase uma dissecação dos opositores.
Apostava, além, é claro, na autoconfiança comum de desfilar seu arsenal de projetos que, repito, são os mais explícitos e factíveis dentre os programas gerais apresentados até agora.
Mas “deu ruim” pro Ciro. Bem ruim.
Se queria um “palanque eletrônico” para brilhar, passou longe. Esperava-se ataques ferinos, discursos cortantes, desmontes exemplares contra Lula e Bolsonaro, colocando os dois no mesmo balaio, como virou tom de sua campanha excêntrica, cheia de excessos, trocadilhos infames, tipo “Ciro Games”, debate com humorista-jornalista e todo tipo de desespero.
Bem, já é absurdo, desproporcional colocar qualquer pessoa, ser humano, candidato, ou não, no mesmo “saco” que Bolsonaro e tudo o que ele representa... Mas eis que Ciro, sem conseguir mais camuflar a sua obsessão frustrada por Lula, mirava, quase exclusivamente, no petista!
Ensaiou até “trocar figurinha” com Bolsonaro.
No momento de réplica e tréplica com o presidente lá estava Ciro a desancar... Lula. Resposta sobre física quântica, buraco negro e... a culpa é do Lula.
Só quebrou a cordialidade com Bolsonaro quando o presidente pisou no seu calo rememorando episódio machista desagradável...
A partir daí Bolsonaro também virou alvo momentâneo.
Tamanha impetuosidade quase faz o pedetista sair do debate da Band como o melhor amigo do mercadológico João Amoedo, digo, Felipe d’Avila,a versão glicerinada do Novo-velho outro. E Ciro? De laços, perfeitamente, alinhados com o cidadão, justamente, para falar mal de... Lula.
Ciro revisitou a famigerada: “mas e o Petê??”. Veja bem, digo tudo isso com a clara noção de que Lula, o PT tem muito o que responder, não respondido ainda. Sim, o próprio Ciro também já foi alvo de “porradaria” sincronizada petista antes até desta sua versão desesperada. Mas, quem quer que o tenha influenciado acerca desta linha de conduta só o leva pára o abismo. Vai naufragar nesta eleição ainda menor do que os 12% históricos em que patinas e nunca avança.
Não encontra abrigo, trânsito na esquerda, ou direita. E assim continuará, cada vez mais. Isolado e acarinhado pelos seus 6% de ciristas. Sim, pelo menos eles existem hoje.
Ciro, fixação não se resolve em eleição. Sugiro um bom divã!
Jair Bolsonaro- Continua sendo o mesmo e mais do mesmo de sempre. Discurso vazio conceitual, cheio de frases de efeito, flutuando sobre falsa moral, devoção religiosa e cretinice explícita. Não possui projetos para agora, ou depois. Pauta sua postura na manutenção da inflamada turba que o segue (e ainda são impressionantes 30% a compor esse núcleo duro, irredutível bolsonarista).
Destilou o mesmo discurso agressivo de sempre, misógino, sempre na ofensiva (inclusive voltando a ofender jornalista e candidata). Para melhor semana de todos nem vale discorrer mais sobre a participação do dito cujo.
Soraya Thronicke- A senhora, de nome tirado de um livro de mecatrônica faz jus ao batismo.
Robótica, totalmente despreparada para a função. E olha que representa a maior legenda do país em número absoluto de representantes no Congresso. Se saiu bem apenas na resposta a D’avila sobre o fundo eleitoral. Mas o ponto máximo e que deixa a “torcida” em polvorosa foi a ameaça da candidata em revelar escândalos bolsonaristas. Pediu até reforço da proteção policial a que tem direito como candidata. Fala Thronicke, fala aí...
Simone Tebet- A outra representante feminina do debate foi sem dúvidas quem melhor colheu frutos. Sem ser atacada em fragilidades básicas de posicionamentos oportunistas, como o próprio feminismo, projetos sociais sem detalhamento etc, surfou com simpatia, serenidade e boa retórica nos “confrontos” diretos.
Repito, mesmo sem consubstancia mais sólida na argumentação e, cá entre nós, ser mais uma figura, ultra-mega alinhada ao mercadão financeiro, de agronegócio e afins. Mas, como disse anteriormente, é quem mais capitaliza e capitalizará, eleitoralmente, até o fim desse, começo do próximo pleito. Tem margem de crescimento como quadro nacional.
Ah, vale frisar que a emedebista cravou uma pista que pode ter passado desapercebida ao grande público.
Pela primeira vez, alguém, e não foi petista, desmitificou a meia-verdade universal de maior corrupção da história com os vultosos desvios petistas na Petrobrás. Mas, convenhamos. De fato, o que é o petrolão perto do Orçamento Secreto de Bolsonaro, Lira e suas gangues com quase 20 bilhões de reais a esmo??
Lula- O líder das pesquisas passou longe de brilhar neste debate. Mas, foi quem melhor se saiu dentre os 3 primeiros colocados. Apesar daquela estranheza de ser mais alvo que o atual presidente (fruto da liderança folgada nas pesquisas), agüentou o tranco, manteve serenidade, escorregou em números aqui e ali, puxou pra cima feitos acolá, mas demonstra uma pujança e robustez impressionante para um quase octagenário.
Atento, cheio de reflexo, nem o copo deixou cair. Ainda nos brindou com pérolas da sua narrativa ao dizer que não iria elencar obras de sua gestão para não HUMILHAR Bolsonaro. Também voltou a prometer, desta feita de dedo em riste (até o mindinho cresceu), que, em primeiro ato vai decretar quebra de todos os sigilos de Bolsonaro.
Felipe d’Avila- Epa, pêra, faltou aquele engomadinho, filho mais intempestivo de Amoedo, do partido antisistema. O tal Novo. Esse partido é aquela excrescência (o próprio adora usar este termo em autoreferência.
O “bestinha” que quer ser candidato a presidente para acabar com o Estado e dar tudo nas mãos dos seus pares da elite nacional. Aquele lema "empresas acima de tudo", a locomotiva nacional. Pessoas jurídicas conduzidas por seres humanos dotados da mais nobre intenção social, patriótica e afins. Os megaempresários que cuidam de você e se importam com seu bem estar financiando reforma trabalhista e tudo o que mais de draconiano for contra o trabalhador. Imagina só?!?! É como se você se seduzisse por deixar o véi da Havan cuidar de você.