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O BURACO DA FECHADURA

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Nem a FIFA, nem a ficção científica estragam minha Copa do Mundo!


Montagem: Denise Dias

Comecei a assistir 1899, mas parei no segundo episódio e aceitei meu modo eufórico alienante Copa do Mundo.


Tenho pouca afinidade com ficção científica, essa coisa de paralelismos, possibilidades futurísticas.


Sou pouco imaginativo, fantasioso.


Meu mundo sem graça é este terreno e gastei minha cota ficcionista com Dark, outra série na mesma linha, do mesmo diretor.


Como bom brasileiro comum, estou rendido a bola rolando, sem complexidades.


Eu quero ver gol e me entorpecer.


Aí, assim totalmente relaxado e pronto para uma overdose de futebol, me vem a FIFA “cortar meu barato”.


Primeiro o presidente da entidade, Infantino, um europeu, aparece comparando a própria trajetória como exemplo de discriminação.


Explico, Infantino é ítalo-suiço e alegou ter sofrido preconceito na infância-adolescência em território suíço por ser considerado “estrangeiro”, ser ruivo e possuir sardas.


Sim, o hoje careca tinha cabelos vermelhos e era alvo de bullyng na rigorosa educação suíça.

Lembrei do personagem do genial Adnet na paródia: “Porque eu sou ruivo”. Só na comédia isso pode ter alguma lógica.


A citação do presidente da FIFA era uma tentativa de minimizar as denúncias contra violações aos direitos humanos e cerceamento de liberdades no Catar, sede do mundial escolhida e defendida com “unhas e dentes”, exatamente sob comando do ruivo Infantino.


Longe de desprezar as agruras do jovem menino ítalo-suíço... mas comparar estas peripécias nos Alpes com racismo contra negros, exploração de mão-de-obra análoga a escravidão, repressão absoluta as mulheres, ou perseguição contra homossexuais é mais que despropositado.


Elementos óbvios, que, por si só, depõem contra a escolha do país de regime ditatorial sob bandeira muçulmana.


Nem há o que se discutir quanto a isso...


E eu nem vou falar sobre proibição de venda de bebidas alcoólicas nos estádios, ou entorno.


Um acinte às tradições da bola, um ultraje aos direitos básicos e inalienáveis de qualquer ser humaninho.


Assim não dá, doutor.


Mas, nem assim a FIFA vai contaminar meu ópio, sigo grudado na tela.


O futebol e a Copa são bem maiores que isso, ou a montanha de dinheiro que movimenta, e ainda nos dá oportunidade de discutir tudo isso e muito mais, mesmo que na "beirada do campo".


Fato é que a postura da FIFA, se já era uma bad trip até aqui, a mais inexplicável de todas as medidas foi, em novo ato para preservar a relação diplomática com o país sede da Copa, proibir seleções européias de usarem braçadeiras com mensagem de campanha contra homofobia, que já estão em andamento no continente europeu: “One Love”.


Além de multa financeira, ameaçou punição esportiva as seleções, que descumprirem.


E foi além, vetou a Bélgica de estampar uma simples palavra “Love” no segundo uniforme de jogo.


“Love”, aquela palavra que traduzida significa, simplesmente, amor.


Lá no Oriente Médio, ou aqui, na Terra Brasilis, aos autoritários, fascistas, intolerantes e afins, AMOR é uma palavra muito subversiva e ofensiva mesmo.


Incomoda muita gente.

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