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O BURACO DA FECHADURA

rabiscos, escrevinhações, achismos e outras bobagens

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  • Foto do escritormarcosthomazm

O “último gol” do artilheiro mostra que o futebol ainda encanta


No final de semana eu vibrei com uma festa tricolor!


Confesso, publicamente, torci e me emocionei com um time de 3 cores.


Logo eu, rubro-negro baiano convicto, me permitindo a estas extravagâncias?!?!


Veja bem, o fato, por si só, já contraria a natureza das coisas, mas não se trata, de forma alguma, de nada relacionado aquela turma do lado de lá da Boa Terra.


Quero deixar bem claro aos oportunistas de plantão!


Vamos avacalhar, mas manter a dignidade.


Seja como for, a despedida de Fred pelo Fluminense foi das coisas mais emocionantes que vi do futebol nos últimos tempos.


Por ambos, pela história, sintonia, cumplicidade, intensidade que os dois construíram e alimentaram nesta jornada.


Aliás, em meus quase 40 anos de vivência futebolística, jamais vi reciprocidade assim entre ídolo, clube, torcida no futebol brasileiro.


E olha que já vi despedidas de jogadores maiores em termos de talentos e até mais vitoriosos em outros clubes que o próprio Fred.


Quando Zico se despediu ainda era muito novo, tenho relances de memória, mas muito aquém de um acompanhamento mais profundo, embora saiba que se trate de uma das maiores relações de unanimidade entre jogador e clube de futebol no Brasil, assim como Pelé-Santos, Dinamite-Vasco, Renato-Grêmio, Falcão-Inter etc.


Mas para referendar o que falo, mais recentemente, posso citar Rogério Ceni, multicampeão, atleta com mais jogos na história do São Paulo, goleiro com quase a mesma quantidade de gols pelo SP que Fred pelo Flu.


Há dúvida da mitificação de Ceni no clube do Morumbi? Jamais, mas há elementos na relação Fred-Fluminense que os tricolores da Paulicéia não alcançam.


Talvez muito seja pelas personalidades das próprias figuras. Fred é muito mais extrovertido, carismático, convenhamos, mais boa praça até no meio futebolístico, que o sisudo Rogério Ceni (chato pra c..., escorregou Milton Leite).


Longe de mim querer taxar característica em quem não conheço, menos ainda usar comparação para enaltecer um, maculando outro. Não se trata disso, apenas acho ilustrativa a comparação.


A despedida de Rogério Ceni foi apenas um desfecho do maior vencedor, mais longevo atleta, de um dos times mais campeões do país, do mundo. O que já é incrível, mas estou falando de magia, conexão.


O adeus de Fred foi uma apoteose, uma imortalização.


É impressionante como Fred consegue catalisar as melhores energias da legião de torcedores de um dos mais tradicionais times brasileiros. E sempre em alta vibração, como o mesmo declarou, ainda extasiado logo no pós jogo: “de 0 (sic) a 80 anos”, tricolores de todas as gerações, o abordam, cumprimentam, compartilham histórias e momentos com ele.


A atmosfera de catarse no “ato final” no Maracanã, o clima de emoção e comoção geral ao longo das últimas semanas pelas redes sociais, o presidente do clube, ex-torcedor de arquibancada chorando copiosamente, assim como a filha, como fãs do ídolo...


A entrega, lealdade e admiração dos atletas, colegas veteranos e jovens sob inspiração, além dos adversários, em fila, para um último abraço em campo.


Elementos como esses que fazem do futebol ainda um esporte especial dentre o ar divinal que tem qualquer esporte.


Me perdoem os outros e seus adeptos mas, uma manifestação como essa jamais seria possível, por exemplo, no vôlei.


E não falo por adesão popular, dimensão por quantidade de fãs do esporte, mas por simbolismos intrínsecos.


É a relação identidade com clube que permite essa simbiose, quase devoção de cá pra lá e de lá pra cá. No caso Fred-Fluminense, Fluminense-Fred.


O clube sendo representado pela torcida e todo o legado que ela constrói e herda, óbvio.


É quase, exclusivamente, o futebol, que propicia destas coisas.


Aquela paixão exacerbada que nos torna, eventualmente, imbecis como diz o fanático tricolor Chico Buarque “o radinho contando direito a vitória do meu tricolor”.


E é neste terreno original do esporte, que aprendi a amar desde a primeira infância, onde finco meu interesse e olhar admirado.


Hoje, maduro, desvio do mercantilismo artificial, modismos estrangeiros, arenas gourmets gélidas, elitistas e exclusivistas, barbárie da violência e me apego a estes componentes mágicos extra campo, afinal o futebol está bem além das quatro linhas.


Sim, é bem mais que um esporte.


Por ele me permito, inclusive, a vibrar com o encantamento do lado oposto, mesmo sendo em três cores, menos aquelas, claro.

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