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O BURACO DA FECHADURA

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O DIA EM QUE OS GÊNIOS DESAFINARAM (A mágoa eterna de Sivuca com Chico Buarque)

Atualizado: 3 de abr. de 2020


Juntos, Chico Buarque e Sivuca compuseram uma das mais belas músicas do cancioneiro brasileiro, “João e Maria”! Aquela linda valsinha de versos singelos: “Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês...”


Isso quase todo mundo sabe.


Mas que, exatamente desta parceria surgiu uma rusga, que fez Sivuca carregar imensa mágoa com Chico até a morte, pouca gente tinha conhecimento!


Inclusive eu, nunca havia escutado nada relativo a isso até ouvir a história da própria viúva do mestre paraibano, Glória Gadelha.


O epicentro da discórdia foi uma declaração de Chico Buarque, durante série especial exibida na TV Bandeirantes em 2005. Na ocasião, Chico inadvertidamente, apresentou a história de que, a música em que Sivuca fez a melodia e Chico a letra, já existia!


Sivuca, então deitado na sua cama, todo banhado e perfumado, como Glória disse que ele fazia religiosamente aos domingos, para assistir o especial de Chico, de quem era fã, acompanhava aquilo tudo estupefato, sem acreditar no que ouvia...


Já doente, e comedido naturalmente nas emoções, ele paralisou e introjetou aquela decepção com o parceiro, que segundo a própria companheira de palco e vida do Itabaianense, ele carregou até o fim da vida!


Mas, para entender melhor esta história é preciso derivar...


Realmente Sivuca compôs a linha melódica da valsinha que culminou na sublime João e Maria bem antes, na verdade décadas antes da feição da música com Chico Buarque.



Glória conta que Sivuca recebeu um pedido de Paulo Pontes (também paraibano) e Bibi Ferreira para compor uma melodia para Chico Buarque por a letra. Assim, ele começou dias a fio a tentar encontrar uma base sonora, até que entrou em uma linha que chamou a atenção da própria Glória.


Era a valsinha composta ainda na década de 40, que Sivuca chegou a apresentar a algumas pessoas, recebeu uma letra, mas a teria rejeitado.


Eis que esta letra e melodia original teriam sido a origem de toda a confusão e posterior mágoa indelével do paraibano com o carioca. Uma cantora pernambucana teria gravado a canção e aproveitado um show de Chico Buarque por Recife para presenteá-lo com um disco com a música.


Assim, Chico usou um canal oficial e retransmitido em todo o Brasil para mencionar o episódio.


O que fez Sivuca se sentir exposto, desrespeitado por nunca ter sido questionado diretamente, sem sequer ter tido o direito de contar a verdadeira história a Chico, incluindo o fato de que ele não sabia que haveria uma gravação anterior. Segundo Glória, para o paraibano aquela melodia havia se perdido no tempo e foi magicamente resgatada apenas quando buscava inspiração para a nobre encomenda destinada ao ilustre Buarque.


Fato é que o arranhão nunca foi superado, a ferida nunca cicatrizou e Sivuca nunca perdoou Chico Buarque.


A mesma música que uniu a obra dos gênios os separou para a eternidade...


Clique no link abaixo para ouvir trecho da entrevista com Glória Gadelha sobre o tema:




Este e muitos outros detalhes preciosos da vida e obra de Sivuca, foram contados em uma série de entrevistas especiais com Glória Gadelha, conduzidas por mim em companhia da colega de A União, Iluska Cavalcanti e exibidas na Rádio Tabajara. Você pode resgatar todo este material nas plataformas de streaming da rádio como Deezer, Spotify, Googlecast etc.

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