marcosthomazm
Pia pode pegar a viola e botar na sacola??

Não tem amor ao futebol que supere em mim a dor de eliminação em Copa do Mundo.
Brasil eliminado, acabou a festa, digo a Copa.
Esqueço a admiração ao jogo por completo.
Olho de soslaio aqui e ali e pronto.
Portanto, declaro encerrada a Copa do Mundo Feminina de Futebol.
E que fim melancólico!
Me perdoem as meninas, mas Marta profetizou:
“Não teremos sempre uma Cristiane, Marta, Formiga...”
Percebemos mais rápido do que desejávamos!
Não que não haja talento no selecionado atual, mas episódico e, definitivamente, sem qualquer brilho extra-série.
Poderia ainda falar da síndrome nacional comum no esporte, seja de homens, ou mulheres do total descontrole emocional.
É uma "tremedeira" sem fim.
Mas, quem literalmente, cantou e decantou a eliminação precoce brasileira foi a técnica Pia Soundgarden, digo Sundhage.
E nem estou dizendo da frágil formação tática, desorganização completa e quase nulidade ofensiva da seleção comandada por ela.
A sueca, na acepção do que significa a gíria, foi neutra, uma isentona a beira do campo.
E também não estou falando da passividade, estilo impassível, enquanto em campo também nada ocorria.
Não vou fazer côro a mania nacional de atribuir fracasso de comando a técnico que não berra, grita, esbraveja, dá soco no ar e afins.
Via de regra os gringos são assim e deixa eles, elas.
Também não dá para negar o currículo exitoso de Pia a frente de seleções como Estados Unidos e Suécia.
Mas, aqui, entre os trópicos, ela chegou apenas “pra brincar no meu (nosso) quintal”.
A senhora que desembarcou em solo tupiniquim “numa manhã de domingo” já trazendo “Anunciação” em verso e prosa, em quatro anos de cultura brasileira, não conseguiu, absolutamente nenhum resultado expressivo.
E mais...
Sequer se comunica em português.
Veja bem, aqui nada tem da tradicional imposição imperialista com brasileiros lá fora, de ter, obrigatoriamente, que falar a língua nativa para nos comunicar.
Mas, em se tratando de uma gestora de grupo, coordenadora, que transmite mensagens precisas, muitas vezes instantâneas, a comunicação é imperativa.
E, convenhamos, quatro anos é tempo mais que suficiente para isso.
Foi deprimente ver uma coletiva da comandante técnica anunciando todas as convocadas para a Copa em inglês, com tradução simultânea e fone no ouvido.
Até a pronúncia das comandadas vinha no sotaque inglês carregado.
Ah, e isso foi determinante para a eliminação?
Talvez não, mas talvez sim.
Mas eu “já escutava os sinais”.
E na falta de qualquer fator mais interessante para comentar da seleção em campo, eu fico com esta imagem de Pia chegando quase de violão em punho e mandando um Alceuzão, até a melancólica convocação parecendo evento nas zoropa.
Pode até soar oportunista a crítica e valorização deste episódio, mas prefiro isso a condenar o futebol feminino nacional, que ainda briga e carece de muito apoio e, infelizmente perdeu uma enorme chance de visibilidade e sepultar alguns preconceitos que ainda pululam nas redes e becos.
Por sinal, passa pela própria Pia, esta “bruma leve” de mudança no futebol feminino.
A sua imagem, representatividade e sugestões fortaleceram a modalidade e possibilitaram por exemplo criação de ligas de desenvolvimento como sub-17 etc.
Mas o trabalho a beira do campo deixa muito a desejar e o resultado de imediato, como diz a colega entusiasta do jogo das mulheres, Raísa Guglielmi: “aqui acabou”.