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O BURACO DA FECHADURA

rabiscos, escrevinhações, achismos e outras bobagens

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Revivendo as volúpias de um infante


Desde a infância, todo dia, invariavelmente eu passava lá.


Na saída da escola, em uma simples ida a padaria, após o futebol...


Era um desejo incontrolável em ver as novidades, quase voyeurístico!


Às vezes nem dinheiro tinha, só conseguia observar, passar o olho naquela diversidade, rapidamente.


Quase sempre freqüentava mais de uma em um mesmo dia.


Era habitué daqueles espaços de liberdade de pensamento, pluralidade de idéias para todos os gostos, incluindo conteúdo “proibido para menores”.


Aliás, lá também tive os primeiros acessos mais explícitos sobre esta tal natureza sexual, sorrateiramente, excitado com o proibidão, como qualquer adolescente.


Mais, muito mais que a volúpia de um infante, as BANCAS DE REVISTA (é de lá mesmo que estou falando pervertidos) representam um espaço de descoberta e visão de mundo na minha vida.


Parte fundamental da minha formação cultural, ser pensante, passa por aqueles espaços de metal com prateleiras por todo lado.


Uma prateleira de destaque, por sinal era o que deveria ter as bancas de revista na intelectualidade.


Por razões óbvias sempre lamentamos a escassez de bibliotecas, eterna ameaça de quase extinção de livrarias nas cidades...


Mas, socialmente esquece-se de falar do impacto das bancas de revista na formação de tantos da minha e outras gerações.


Pois, dou minha voz, meu grito a favor do primo pobre das bibliotecas.


Cito sem pestanejar que uma das estéticas e atmosfera que mais me faz falta na mudernidade é aquela caixa retangular cheia de cores, cheiro de papel e um mundo de informações.


Ainda contemplava o aspecto de socialização...


Quantas tribos, de quantas matizes participei, conheci, me integrei e tinha uma banca de revista como ponto de encontro??


E a expectativa pela chegada daquela publicação mensal? Idas dias a fio sonhando com a revista desejada...


Na infância a coleção de Placar (ainda semanal) me transformou em uma espécie de arquivo do futebol na pequena Buerarema já aos 7, 8 anos. Era consultado sobre resultados e ficha técnica em geral, como autores de gols etc.


O universo lúdico dos gibis em geral.


Ainda tinha o caráter de compartilhamento, troca.


Na adolescência, já com afinidades mais definidas, eu, além do futebol, mergulhava na música via Bizz e afins, meu irmão no cinema com a Set, ainda dividíamos Superinteressante, Playboy, a icônica MAD.


Sem falar nos jornais diários, tablóides esportivos (saudoso Jornal dos Sports e sua fonte rosa) fonte de informação diária, antes da instantaneirdade, superficialidade e falsos acontecimentos da internet.


Era nestes lugares mágicos também que tinha acesso a vários artistas desconhecidos através de coletâneas de discos em revistas como Fluir, Showbizz, OutraCoisa!


Lá conheci, por exemplo, o universo fascinante da máfia através de “O Poderoso Chefão”, do Mario Puzo.


Sim, quantos livros comprei em coleções alternativas de bancas de revista? Nem consigo elencar.


Na fase adulta publicações de luxo como Bravo, Piauí “faziam minha cabeça”.


O Ben me faz reviver a assiduidade em bancas.


Mais especificamente "a" banca, talvez uma da única dezena de unidades que hoje existam e resistam em João Pessoa.


Além do consumo de cards nerds e figurinhas, as idas a BBS, da Tia Cau, nos Bancários, funcionaram como um portal de acesso do caçula ao mundo mágico da Turma da Mônica.


Um aceno nostálgico, com ar de despedida, deste elemento de um mundo que ainda teima em resistir.

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