marcosthomazm
SALVE ESCURINHO, SALVE A MÚSICA

Fui ver e celebrar os 60 anos do Mestre Escurinho.
Sábado, 21 de maio...
O lindo Santa Roza, templo pessoense, ali ao lado de outro espaço tão familiar a Escurinho: o Bar dos Artistas, outro palco menos nobre, mas efervescente e essencial a música paraibana na décade de 90 e começo deste século.
Evento de gala, daqueles que nem sabemos se temos “roupa” pra ir.
Banda de Escurinho em um ato, Quinteto da Paraíba em outro.
Contemplar Escurinho é revisitar muito mais que seis décadas de agora, ou qualquer tempo.
É potência ancestral e reinvenção moderna em totalidade.
Hoje, amanhã e depois em constante transformação.
O mirrado homem carrega em si um universo sonoro.
É uma “onda dentro da onda”.
Um “maluco” que é, já foi e, contrariando a natureza, ainda tá pra nascer.
Transforma a Terra, redonda vale frisar, em uma enorme ciranda.
É coco, docemente, envenenado.
Exala flor tirada de seu “Belo Jardim”, mas dispara versos como projéteis de metralhadoras.
Ele subverte e lógica das teorias convencionais e diz que a música indígena é a mais influente no cancioneiro brasileiro, afirma “ter sangue cigano”, é negro, sertanejo, “ganhou rima em João Pessoa”, mas é do mundo inteiro.
Generosamente, assim, do Globo todo mesmo.
É poesia em estado bruto, sem rebuscamento, ou estilismo padrão.
Visceral, corta na pele... preta, branca, amarela.
Devo confessar que, à época de minhas incursões por eventos com o AUMENTA, carrego uma frustração de nunca ter tido Escurinho nos nossos palcos.
Considero a única grave ausência local nas festas do AUMENTA.
O tivemos escalado em uma ocasião...
Mas, falhas, motivações, desencontros à época a parte, fato é que tenho plena convicção que vale aplicar ao caso a máxima sobre Zico em relação ao título da Copa do Mundo:
“Se Escurinho nunca tocou em evento do AUMENTA, azar do AUMENTA!”