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O BURACO DA FECHADURA

rabiscos, escrevinhações, achismos e outras bobagens

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Um chá de revelação no horário nobre


Após longo período de hibernação, o serviço voluntário, petulante e presunçoso de OMBUDSMAN da imprensa paraibana voltou para profetizar o apocalipse.


Seis da noite. Horário nobre da radiofonia. Sim, ainda existe isso, ô moderninho.


No programa de maior audiência paraibana um espetáculo sentimentalóide, artificial de apresentação do sexo do filho de um dos apresentadores escancara, mais uma vez, a decadência do nosso jornalismo.


Vejam bem, antes de acusações superficiais de insensibilidade e distorções afins, registre-se que sou pai, amo meus filhos e todo o simbolismo ao redor.


Tenho profundo respeito, devoção pela dádiva da maternidade/paternidade, pelo dom de procriar, pela benção de se multiplicar, pela aura divina de se espalhar em outros mas, como dizia o poeta China, à beira do campo: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.


Não sei quanto tempo durou o ato. Dramático, com direito a musiquinha de fundo, tom de suspense da apresentadora, de repente o clima vira para expectativa, quase pude ouvir tambores rufando.


Todos os elementos do sensacionalismo padrão, anti-informativo, que tomou conta dos noticiários eletrônicos em, absolutamente, todos os formatos de mídia.


Três, cinco, sete, dez minutos?


Estarrecido com aquela cena (recebi o link do youtube) não consigo precisar quanto tempo durou a demonstração de desprezo ao ouvinte, aos fatos.


Repito, 18 horas, trânsito frenético e caótico, como soi, diariamente, em qualquer província deste alucinado Brasil. Pessoas se deslocando para casa em busca de prestação de serviços, resumo dos fatos do dia etc e coisa e tal.


Mas, para atender ao ego paterno e individual do comunicador e construir mais um ato de apelo midiático (sanha diária das emissoras, produtores e editores envolvidos em noticiários hoje) monta-se qualquer circo apelativo.


Isso gera like, aquilo prende o telespectador e por aí vai...


Seria dispensável, mas em tempos de distorção narrativa acerca de tudo, reforço que minha manifestação nada tem de pessoal contra os envolvidos, longe, bem longe disso.


Ao contrário conheço e, quando envolvido, em contato, sempre me dei muito bem com todos.


Mas não dá para naturalizar que um horário tão concorrido, em espaço de concessão pública, seja utilizado apenas para atender a realizações pessoais, de vida íntima de um apresentador, sem qualquer interesse social além.


São as condutas que retroalimentam este “triste fim do jornalismo”.


Paradoxal e, tragicamente, cômico, o simbolismo de nascimento de uma vida representando a morte de algo.


Pelo menos, da forma como o conhecemos já sepultamos o jornalismo.


Mas tem muito profissional, agente do meio querendo aplicar a “última pá de cal”. E, assim, nesta toada, tudo vai virar um grande, enorme, BIG programa de variedades, ENTRETENIMENTO em letras garrafais.


O show de horrores tradicional com tapete, toalha e panela da loja de departamentos na bancada.


Sem esquecer do pano de prato no ombro do apresentador.


Fico imaginando aqui se Fátima Bernardes e Willian Bonner tivessem escolhido seguir esse padrão na gravidez dos trigêmeos.


Seria uma edição inteira do Jornal Nacional apenas seguindo esse script de drama e emoção “um a um”.


Aí o gaiato da esquina já grita que isso nos pouparia de outras aberrações do JN em tempos recentes.


É, amigos, que fase do jornalismo!


“Ruim com ele, pior sem ele”


PS: Ah, sim. A criança é uma menina e desejo que venha com muita saúde.

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