marcosthomazm
Um 'psit' na depressão televisiva de um domingo à noite

Noite do domingão é o momento internacional da depressão!
Restam poucas horas e todas destinadas a um preparo logístico e mental para a montagem do esquema semanal de correria.
Mas tudo pode piorar se você resolve, inadvertidamente, resgatar hábitos do século passado e cometer o sacrilégio de ligar a TV em algum canal aberto.
Sabe aquele padrão anos 80/90 de programa de variedades bregas? E nem estou falando do senhor tarado Sílvio Santos e suas piadas sexistas na senilidade!?!
Outros formatos mais elaboradinhos, mais bonitinhos, mas ainda ordinários ainda resistem.
No plim plim Faustão até saiu após “arrendar” os domingos globais por décadas, mas aí entrou o “menino Itaú” Huck.
Em comum, os dois gozam de quase unanimidade de querência dos astros, artistas, constelações e sub-celebridades brasileiras. São amados e exaltados como grandes impulsionadores, estimuladores de A a Zinco.
Uns fofos no meio. Legal, muito bom.
Como sou apenas um psit, me é reservado apenas o lixo cultural que é despejado na poltrona cá.
-Ah, mas você tem opção de não ligar a TV!
Está pensando, que a vida eletrônica midiática sempre contou com youtube e outras parafernálias modernosas, jovem?
Outros contemporâneos meus podem até se render a memória afetiva e a comum romantização de épocas passadas, tipo a tenra infância e excitante adolescência onde toda lembrança ganha contornos mágicos.
Mas, e lembrar daquela TV única da sala compartilhada com irmãos e outros, que, quando acordava já se encontrava ligada nos shows de calouros e todo entretenimento careta que houvesse na caixa de tubo: “é dia de descanso, programa Sílvio Santos... domingo eu quero ver, o domingo passar!”
Mas, adiantando a fita cassete...
Em auto-flagelo, neste ano da graça que corre ladeira abaixo, sem freio, liguei a TV na Globo, em pleno domingão e lá estava o Luciano, eterno virtual presidente de boutique do Brasil, a anunciar um quadro novo: “Batalha do Lip Sync”.
Calma aí, desinformados. A sigla gringa é só um termo mais atualizado para o não menos internacional playback, o mais famigerado dentre tantas famigerações da tradição televisiva brasileira.
Mas, pensou em Chacrinha, Flávio Cavalcanti e outros tantos que instituíram este modelo clássico de artistas dublando os próprios sucessos na tela?
Esqueça...
O tal Lip Sync do apresentador que acha que resolver os problemas do país é montar um quadro “Lata Velha” é muito mais ultrajante que isso.
Estamos falando de atores medianos e abaixo da média interpretando com caras & bocas os maiores clássicos da última semana.
Os maiores astros instantâneos do agora dublando e fazendo passos coreografados de Mcs e toda a bagaceira musical que houver neste e noutro mundo.
Uma pataquada que faz o SBT sentir vergonha alheia.
Logo ela, a despudorada TVS.
Eu, honestamente, lembrei logo daquele clássico espaço do senhor Silvio Santos, pai de boa parte da breguice nacional.
“Qual é a Música”??
Mas ali, tinha o devido carimbo nonsense, a minha romântica memória me permite colocar nos autos da história como clássico Lado B.
Dubladores performáticos, intensos como Maria do Bairro emocionada!
Rosinha pintada na bochecha, caras e bocas, interpretação mais extrema que choro de choradeira em enterro de desconhecido.
Sugiro ao menino Huck, o mais moderninho representante da TV reaça brasileira a reativação do Telecatch!
-Mas, isso aí combina mais com o Mion.
E cadê ele? Retruco...
-Na Globo, aos sábados, no lugar do Caldeirão do... Huck!
Desliguei a TV.