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O BURACO DA FECHADURA

rabiscos, escrevinhações, achismos e outras bobagens

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  • Foto do escritormarcosthomazm

Vou virando as folhinhas do meu calendário sem seguir agenda programada


Eu não tenho apego a datas, as tais efemérides.


A “calendarização” (nem sei se existe este termo, mas taí) de sentimentos, valores é como se nos deixassem robotizados, artificializados em nossas relações.


Semana Santa, por exemplo, todo mundo vira Santo em terra.


É a maior canonização coletiva dentre qualquer época.


Nem mesmo o Natal, o período no nosso calendário ocidental, que marca o nascimento do menino Jesus, chega perto desta bondade global que atinge a humanidade na Páscoa.


E sabe como se atinge esta glória (nas alturas, nas alturas)?


Deixando de comer carne vermelha e, impreterivelmente, não bebendo na sexta-feira santa.


A fórmula sacra para o povo de bem ser alçado às alturas.


Uns abnegados em jejum e oração.


Purificados apenas por seguir, automaticamente, umas práticas pra fora, prestar contas a sociedade.


Já os hereges se deleitam em carne, literalmente, em plena páscoa.


Eu tento ser o mesmo, bom e ruim, sacro e profano, simplesmente humano, na terça de carnaval, ou na sexta santa, que “bebo sim e sigo vivendo”.


E vejam bem, fariseus.


Antes de qualquer apocalipse, cada um mantenha seu hábito, crença e costume no que quiser, só não venha azedar minha feijoada, nem jogar água no meu chopp.


É sobre isso e mais...


Mas, voltando as tais efemérides...


Gosto de celebrar aniversários.


Festejar o marco de vida de pessoas que representam algo à nossa existência (conhecidos,ou íntimos anônimos) é uma delícia e fundamental a nossa formação.


Agora quanto a estas datas meramente capitalistas, feitas para aquecer mercado, estimular consumo e promover vendas em massa, me rendo, em absoluto ao Dia dos Pais.


Podem me acusar de passional, hipervalorizar o que me convêm.


No caso em questão, “assumo a responsa”, ou o BO para ficar um pai mais moderninho.


Dia dos pais é especial demais pra mim, desde sempre pela referência direta a meu pai, por celebrar na folhinha (sim, ainda tinha na cozinha lá de casa) a sua existência linda em minha, nossas vidas.


Que espécime de senhor!


E, depois que superei a canção do Ira, quando meus filhos nasceram e eu não fiquei apenas como filho, a parada ficou séria mesmo e adquiriu ares de domingo de BAVI, onde nada mais importa na via láctea.


Bom, consciência socialista a parte, “presente é bom e nois goxta”.


Não aquele adereço embalado qualquer, mas o que subjaz a oferenda.


Por exemplo, Tom, meu filho mais velho, sempre me dá o mesmo presente: livro.


Parece repetitivo e é, mas não há nada melhor que ele possa me dar.


Inclusive fica aqui a dica, que todos os presentes sejam desta seara literária até o fim da vida.


É uma espécie de retorno.


E esse ano ele apelou na viagem de volta ao passado.


Me contemplou com um exemplar do Amado, o Jorge, quase uma força ancestral deste que vos fala.


Talvez essa idéia que nutro de RETORNO seja do que simbolize a ele a base de minha formação como pessoa, mesmo: “a literatura salva”...


Já a mim, talvez seja uma volta aos hábitos que me trouxeram até aqui, afinal não compro mais livros (não no ritmo de outrora, nem perto), vivo destes que o Tom me dá, ou alguns pingados que pululam aqui e ali.


Consumismo à parte, tem presente que vem embalado em caixa de sensações apenas.


E nem se precisa desembrulhar para explodir em cores e vibrações.



Na véspera do famoso dia dos pais deste ano da graça corrente fui assistir o especial "Luiz e Nazinha - Luiz Gonzaga para crianças" com o caçula, Benjamin.


Puro deleite para um quarentão, amante de velharias mais velhas que a sua semi-velhice aparenta.


Poder apresentar aos seus aquilo que te embalou culturalmente ao longo da vida.


Velho Lua, que completaria 100 anos, se renovando aos olhos do Ben.


Agora fica mais fácil explicar ao pequeno gafanhoto que aquele grunhido diário que ele emite subvertido “ÃN, ÃN, ÃN SEGOVINHA”, e virou febre nacional, tem paternidade.


Respeitem seus Januários, jovens...

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